Você saberia dizer qual é a relevância da exportação siderúrgica brasileira? Será que nossos produtos têm relevância perante a economia mundial? Afinal, quais são os impactos internos e externos desses números?
Pensando nessas e em outras questões, resolvemos preparar este conteúdo. Ao longo do texto, você encontrará um panorama aprofundado sobre o tema e poderá se atualizar em relação a esse importante braço do comércio exterior. Boa leitura!
Como a exportação siderúrgica interfere na economia nacional?
Atualmente, o Brasil é o 5º maior exportador líquido, o que significa — resultado do total de exportações menos o total de importações — de aço no mundo.
Temos 29 usinas instaladas e administradas por 10 diferentes grupos, que são independentes. Além disso, contamos com uma capacidade instalada de 50 milhões toneladas por ano, mas produzimos cerca de 35 milhões.
Algo entre 40% e 50% dessa quantidade é voltada à exportação: variação que depende muito de como se encontra o mercado interno. Na maioria das vezes, quanto maior é o consumo no país, menores são os índices de exportação, pois a venda ao mercado interno de aço é mais rentável para a indústria brasileira, ou seja, se o mercado interno vai mal, as exportações sobem.
Qual a relevância da exportação dos produtos siderúrgicos brasileiros na economia mundial?
Como Brasil figura entre os principais nomes da exportação siderúrgica no mundo, não chega a ser um segredo que esses produtos são relevantes na economia global. As exportações são direcionadas, principalmente, para o mercado sul-americano.
Peru, Colômbia, Argentina e Chile são compradores do aço brasileiro, devido à sua alta qualidade de aplicação para a indústria automobilística, por exemplo. Outros países também consomem o nosso aço com frequência — é o caso de Estados Unidos, Espanha, Portugal e Holanda.
Porém, desde 2008, o Brasil enfrenta um poderoso concorrente na hora de exportar: a China, maior produtor de aço no mundo. Por conta do grande número de fábricas e excedente de mão de obra, a China consegue produzir um aço mais barato do que os demais produtores.
Outro fato que chama a atenção nesse sentido é uma proposta de restrição feita pela União Europeia (UE) em relação à compra do aço produzido em solo brasileiro. Segundo matéria publicada pelo Valor Econômico no início de 2019, a UE pretende instaurar limites à entrada de produtos siderúrgicos. A ideia por trás da medida consiste em favorecer a produção local e, de certa forma, representa a disputa de mercado vivida pelo setor nos últimos anos.
Em contrapartida, uma pesquisa conduzida pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) sobre as exportações brasileiras feitas no primeiro semestre de 2018, mostrou um crescimento de 38% na venda de produtos siderúrgicos para os EUA, como divulgado pela Época Negócios.
Quais são os principais desafios enfrentados pela exportação siderúrgica brasileira?
Embora o país exporte algo próximo de 18 milhões de toneladas de aço por ano (entre produtos siderúrgicos e aços contidos em bens variados), algumas taxas afetam a competitividade do setor como um todo. O principal desafio é a tributação no setor, para manter uma indústria siderúrgica funcionando, dependemos de toda uma cadeia produtiva em ação, que deve estar alinhada ao que fazem nossos principais concorrentes mundiais.
Isso acontece porque, para produzir aço, é necessário importar matérias-primas como o carvão, que cumpre importantes funções nesse tipo de processo, seja como combustível, seja como redutor. Ele não só permite alcançar altas temperaturas, necessárias para a fusão do minério, mas também se associa ao oxigênio desprendido do minério, deixando o ferro livre.
Na etapa seguinte, o material é transformado em aço a partir da queima de impurezas e adições. O aço, em processo de solidificação, é deformado e transformado em outros produtos, bastante usados pela indústria de transformação, como:
- chapas grossas e finas;
- bobinas;
- perfilados;
- vergalhões;
- arames;
- barras;
- entre outros.
Todos esses estágios envolvem custos de mão de obra, energia, e consequentes taxações nos âmbitos municipais, estaduais e federais. Esses fatores reduzem a margem de lucro do setor e contribuem com a perda de mercado para os que praticam preços mais competitivos. Como o custo é barateado e a qualidade nem sempre vem em primeiro lugar na cadeia produtiva, países como a China representam um desafio e tanto para as siderúrgicas brasileiras.
Qual é a relação da exportação siderúrgica com a geração de emprego?
O Brasil tem parques industriais que são grandes geradores de empregos — Volta Redonda (RJ), Pecém (CE), Vitória (ES), Ouro Branco e Ipatinga (ambos em MG) —, assim como os principais portos escoadores de aço, como Praia Mole (ES) e Pecém (CE).
O fato mostra que uma lógica produtiva como um todo é beneficiada: desde os que trabalham na indústria do aço aos trabalhadores Portuários. Existem, ainda, aqueles que colhem vantagens indiretas dessa cadeia, como armadores, operadores portuários, despachantes aduaneiros, agentes marítimos etc. A estimativa é de que cerca de 300 mil trabalhadores façam parte desse cenário econômico.
O que esperar do futuro da exportação siderúrgica brasileira?
A competitividade tende a ficar mais acirrada, mas isso pode ser contornado com novas ideias em relação à tributação que atinge as etapas produtivas da indústria siderúrgica. Assim, talvez conseguiríamos chegar a produzir 100% da capacidade instalada.
Além disso, algumas iniciativas como o incentivo a exportação (isenção de impostos), a modernização das instalações e infraestrutura dos Portos e implantação de tecnologia de ponta para as operações portuárias podem fazer a diferença, aumentando a produtividade nos portos e a vantagem em relação aos concorrentes internacionais na exportação do aço. Isto é, ainda há muito a se fazer e potencial a ser explorado.
Referência: https://bit.ly/3xLLti0
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